segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Coração de palhaço.

Eu não sei o que é o amor. Por mais que eu cante em prosa e verso, não sei, realmente, se amei alguém algum dia. Eu me apaixono, e acho isso, fácil. Consigo, também, dedicar-me por inteiro. Claro, eu só me torno fugidio quando o alvo da minha dedicação me decepciona; e isto, aconteceu algumas vezes. Mas, quase sempre eu me entrego. Agora, voltando ao ponto, não sei se isso é amor. Eu tenho um coração bobo que perdoa e acredita. Eu tenho um coração que doa e se sacrifica. Eu tenho um coração que dói. Eu não tenho saudades, eu tenho algo parecido com nostalgia. Eu tenho uma vontade danada de ser feliz. Mas, lá vem o coração bobo de novo, só sei ser feliz fazendo outra pessoa feliz. É a alma de palhaço que não desgruda do corpo. O palhaço do amor. Será que é amor?
O amor podia ser um objeto de plástico e porcelana que se vende em alguma loja de subúrbio. O amor podia ser uma pílula que se toma antes das refeições (ou depressões). O amor podia ser...e não é...

Somos parecidos?

terça-feira, 14 de julho de 2009

Delícias do futuro.

Escrever me maltrata. Às vezes arranha feito farpa. O tempo rouba do presente às delícias de um futuro certo. Esperar então é padecer sem ter a certeza de que se pode ser feliz. E estar feliz é meu pacto de paciência. Aqui, por meio de minha escrita abstrata eu posso o impossível. Eu me dou a liberdade. A raiz selvática da matéria paira na eternidade. Sou livre. Sou atemporal. Sou a quarta dimensão. Sou ave e não avião.

Não preciso que me completem. Pelo contrário, a verdade é que estou ficando tão intenso que sozinho não agüento. Preciso me doar para alguém! É sim! Uma carência às avessas.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Retrato.





Descobri minha frieza de forma bastante sutil. A filha da costureira, com seus 8 anos, me rabiscou em papel, como só as crianças sabem. No desenho, um traço de boca, possivelmente mais reta, não fosse a falta de coordenação natural da desenhista. Entregou-me sem cerimônias o presente e saiu. "Toma! É assim que o vejo."
Como diz John Mayer: "Eu gosto de pensar que o melhor de mim ainda está escondido sob a minha manga."

terça-feira, 16 de junho de 2009

Perfume.












Deparo-me com a linhas. Contradigo-me em minha essência. Prefiro não captar as entrelinhas. Torno-me forte e abstraio. É insignificante. Tento absorver somente aquilo que perfuma minha alma. Amadeirado, leve e mortal.
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segunda-feira, 1 de junho de 2009

Complexo de Che Guevara





Observo seus atos e tiro por base “os meus atos”. Todavia, só encontro perguntas, em vez de respostas. Talvez fosse meu complexo de Che Guevara que sufocasse nossos limites. Eram inúmeros ideais dentro de mim, e nenhum se concretizaria em anos de existência. Nem a mais suave das canções, tranformava meu ser, melhor dizendo meu não ser. Pois há semanas não sou nada, estou em uma luta constante com o tempo, mofando-me entre as horas, petrificando-me no decorrer dos dias. Penso que isto era o que nos tornavámos distintos em demasia, eu não sonhara com nada concreto durante toda a minha vida, e aceitava isto. Pelo menos era realista, ao contrário de voçê, muitas vezes dita como uma sonhadora lunática. Os traços de personalidade me encantam. É como uma cola que junta os pedaços de um vaso quebrado. E eu preciso dessa cola, essa motivação, essa amizade para manter!
De: Deyvid Braga.
Para: Jessica Almeida.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Templo de quimeras.






Queria ser mais óbvio, mais unidirecional, seguir o percurso, sem discurso e sem pressa. Queria sofrer de amor, sentir a dor, parecer menos frívolo, mais tocável, mais tolerável. Eu não me desuso, sinto-me intruso de mim mesmo, estranho. Queria ter os olhos mais úmidos e não o brilho de cera polida, perdida e dignamente à parte do mundo, prefiro sim, o submundo, as formas inaparentes, o acaso, a felicidade do silêncio, o devaneio dos paralelismos. São os mistérios que se escondem por detrás do estático, do aparentemente imóvel. Pequenas travessuras, grandes diabruras, no EU templo de quimeras e 9 luas. De sentimentos em diversas amálgamas, sou sinestésico, mesmo que a meu modo, assim, perto-longe de mim.


terça-feira, 12 de maio de 2009

Fruto excêntrico.



Engulo o veneno do seu corpo e deixo-me inebriar de tanto prazer. Agora sim pude tocar seu cheiro que andava tão distante. Desta vez, pude te tocar bem fundo. Mas ainda tenho medo de perder o seu fogo que aquece minhas noites turbulentas. Se você passar a me ignorar, não haverá mais nada. A saída se perderá no tempo. Só encontro a dor de que preciso, dentro dos seus instintos. Continue matando-me com seus beijos. Preciso com urgência novamente do seu sabor mortal. E não entre em contradições em relação a mim. Tenho meus encantos e minhas táticas de sedução. Não sou tão ingênuo quanto imaginas. Sou uma fruta podre que caiu no chão. Por fora continuo com a mesma beleza intocável, por dentro os vermes me comem.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Desconexo.


Estou com vontade de me situar entre dois pontos cujo caminho seja certo e inevitável. Quando coloca-se a mão num objeto quente o único movimento possível é tirar a mão, aqueles segundos em que o ato involuntário acontece eximem qualquer responsabilidade, é seguro. Eu queria parar no tempo diante de uma situação dessas; uma emoção tão forte a ponto de se sobrepor a nossa razão; alguns segundos em que não houvesse escolha. Preciso sentir desesperadamente, cansei-me dos ciclos; dor, êxtase, raiva, ódio, qualquer coisa que me coloque entre dois pontos, que me tire do nada e me coloque em alguma coisa, em algum lugar; mas não quero emoções velhas; quero sentir tão fortemente a ponto de acabar com o meu corpo físico, como o lápis, que é consumido a medida que exerce sua finalidade. Qual será a minha finalidade? Eu sempre sonhei que havia mais, que tudo tinha uma certa ordem, mas tudo desabou. Nada mais é compreensível. Isso me matou. Nasci e morri várias vezes, mas hoje não consigo nascer de novo. Não consigo existir, nem ao menos para mim mesmo. Estou num estado de anergia. Há uma parte de mim que ainda permanece, mas é muito pouco. Apenas espero...espero que qualquer coisa ocorra, mesmo o fato mais casual e destrutivo para me fazer sentir diferente, pra eu me iludir mais um pouco que existe alguma ordem. Preciso de ordem, de exatidão, por mais dolorosa que ela seja; queria alguma razão para fazer isso, mesmo que seja uma mentira.


Há algo dentro de mim que quer ocorrer. Depressa! Antes que as coisas apodreçam ainda mais. É possível aprender a lidar com as situações, adaptação. Assim como um organismo infectado adapta-se para conviver com seu parasita, para continuar vivo... nosso organismo prefere conviver com as lesões e patologias pelo maior tempo possível do que não fazer nada e morrer instantaneamente. Também nos adaptamos para prolongar nossa sanidade, se é que ela existe, mas com isso vamos perdendo nossa arquitetura, nossa integralidade, cada dia some um pouco, até que tudo muda, há vida, mas é muito mínima...


Quero dormir e acordar no paraiso....