quinta-feira, 21 de maio de 2009

Templo de quimeras.






Queria ser mais óbvio, mais unidirecional, seguir o percurso, sem discurso e sem pressa. Queria sofrer de amor, sentir a dor, parecer menos frívolo, mais tocável, mais tolerável. Eu não me desuso, sinto-me intruso de mim mesmo, estranho. Queria ter os olhos mais úmidos e não o brilho de cera polida, perdida e dignamente à parte do mundo, prefiro sim, o submundo, as formas inaparentes, o acaso, a felicidade do silêncio, o devaneio dos paralelismos. São os mistérios que se escondem por detrás do estático, do aparentemente imóvel. Pequenas travessuras, grandes diabruras, no EU templo de quimeras e 9 luas. De sentimentos em diversas amálgamas, sou sinestésico, mesmo que a meu modo, assim, perto-longe de mim.


terça-feira, 12 de maio de 2009

Fruto excêntrico.



Engulo o veneno do seu corpo e deixo-me inebriar de tanto prazer. Agora sim pude tocar seu cheiro que andava tão distante. Desta vez, pude te tocar bem fundo. Mas ainda tenho medo de perder o seu fogo que aquece minhas noites turbulentas. Se você passar a me ignorar, não haverá mais nada. A saída se perderá no tempo. Só encontro a dor de que preciso, dentro dos seus instintos. Continue matando-me com seus beijos. Preciso com urgência novamente do seu sabor mortal. E não entre em contradições em relação a mim. Tenho meus encantos e minhas táticas de sedução. Não sou tão ingênuo quanto imaginas. Sou uma fruta podre que caiu no chão. Por fora continuo com a mesma beleza intocável, por dentro os vermes me comem.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Desconexo.


Estou com vontade de me situar entre dois pontos cujo caminho seja certo e inevitável. Quando coloca-se a mão num objeto quente o único movimento possível é tirar a mão, aqueles segundos em que o ato involuntário acontece eximem qualquer responsabilidade, é seguro. Eu queria parar no tempo diante de uma situação dessas; uma emoção tão forte a ponto de se sobrepor a nossa razão; alguns segundos em que não houvesse escolha. Preciso sentir desesperadamente, cansei-me dos ciclos; dor, êxtase, raiva, ódio, qualquer coisa que me coloque entre dois pontos, que me tire do nada e me coloque em alguma coisa, em algum lugar; mas não quero emoções velhas; quero sentir tão fortemente a ponto de acabar com o meu corpo físico, como o lápis, que é consumido a medida que exerce sua finalidade. Qual será a minha finalidade? Eu sempre sonhei que havia mais, que tudo tinha uma certa ordem, mas tudo desabou. Nada mais é compreensível. Isso me matou. Nasci e morri várias vezes, mas hoje não consigo nascer de novo. Não consigo existir, nem ao menos para mim mesmo. Estou num estado de anergia. Há uma parte de mim que ainda permanece, mas é muito pouco. Apenas espero...espero que qualquer coisa ocorra, mesmo o fato mais casual e destrutivo para me fazer sentir diferente, pra eu me iludir mais um pouco que existe alguma ordem. Preciso de ordem, de exatidão, por mais dolorosa que ela seja; queria alguma razão para fazer isso, mesmo que seja uma mentira.


Há algo dentro de mim que quer ocorrer. Depressa! Antes que as coisas apodreçam ainda mais. É possível aprender a lidar com as situações, adaptação. Assim como um organismo infectado adapta-se para conviver com seu parasita, para continuar vivo... nosso organismo prefere conviver com as lesões e patologias pelo maior tempo possível do que não fazer nada e morrer instantaneamente. Também nos adaptamos para prolongar nossa sanidade, se é que ela existe, mas com isso vamos perdendo nossa arquitetura, nossa integralidade, cada dia some um pouco, até que tudo muda, há vida, mas é muito mínima...


Quero dormir e acordar no paraiso....